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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A HISTÓRIA DA BANANA











A História da Banana



Autores: FRANCISCO, B. H. R., BELTRÃO, C. B. de A. N., AMARAL, D. M. da C. R. do e SOUTO, M.


Endereço: cba@cbarqueol.org.br



Palavras-chave: banana, origem, história, cultivo, cultura


O trabalho pretende mostrar a antiguidade do consumo desta que é chamada a "musa paradisíaca" entre todas as frutas: a banana. Para tanto, foi realizada uma intensa pesquisa bibliográfica, através de livros, artigos e vários sites na Internet.

A ORIGEM

A banana é considerada como a fruta mais antiga de que se tem notícia. Os primeiros habitantes do Brasil já a conheciam, bem como os antigos gregos e indianos, que a citam em seus relatos mitológicos. Uma das mais antigas culturas do planeta, a banana, que já era consumida como legume na pré-história, hoje integra o cardápio das populações do mundo inteiro, sendo a quarta cultura mais importante existente, depois do arroz, do trigo e do milho, e a líder entre as frutas mais consumidas do mundo.

O cultivo de bananas pelo Homem teve início no sudeste da Ásia. Existem ainda muitas espécies de banana selvagem na Nova Guiné, na Malásia, Indonésia e Filipinas.As primeiras fazendas de plantação de banana surgiram provavelmente no território que hoje vai da Índia à Austrália. Indícios arqueológicos e paleoambientais recentemente revelados em Kuk Swamp, na província das Terras Altas Ocidentais da Nova Guiné, sugerem que esta atividade remonta pelo menos até 5000 a.C., ou mesmo até 8000 a.C.. Tais dados tornam este local o berço do cultivo de bananas. É provável, contudo, que outras espécies de banana selvagem tenham sido objeto de cultivo posteriormente, noutros locais do sudeste.asiatico.

Há 7 mil anos, a região de Papua-Nova Guiné, úmida e fértil, abrigava uma diversidade de flora difícil de encontrar em qualquer outra parte do mundo. Kuk Swamp foi um dos primeiros lugares onde nativos – que antes viviam de extração e caça – organizaram-se em uma sociedade agrícola. Os primeiros cientistas a chegar à região, nos anos 70, encontraram resquícios de uma enorme e organizada plantação. Mas eles não sabiam o que era cultivado ali. Em 2002, pesquisadores australianos determinados a desvendar o mistério analisaram exaustivamente microfósseis e resquícios encontrados no solo. A conclusão? Os nativos de Kuk Swamp já plantavam bananas em 5000 a.C.

A fruta chegou à África, saída da Ásia, há cerca de 3 mil anos. A banana é mencionada em documentos escritos, pela primeira vez na história, nos escritos do budista Pali, século VI a.C., e em Mahabharata e Ramayana, poemas épicos indianos. Sabe-se também que Alexandre, o Grande, celebrado rei da Macedônia, comeu e apreciou as bananas durante sua campanha nos vales da Índia em 327 a.C..

A banana espalhou-se pelo Oriente Médio e depois pela Europa, no século I a.C, levada pelos romanos. Em 650, os conquistadores Islâmicos trouxeram a banana para a Palestina. Como bons agricultores, os árabes cultivaram a banana quando ocuparam as Ilhas Canárias, berço das grandes plantações que fornecem a fruta atualmente para grande parte da Europa. Também foram, provavelmente, os mercadores árabes quem divulgou a banana por grande parte de África, provavelmente até à Gâmbia.

Europeus levaram as bananas para suas colônias e negociantes árabes foram responsáveis pela criação do nome que conhecemos hoje. Eles se referiam às frutas que comercializavam como banan, ou dedo em árabe, por causa de seu formato. Esta palavra foi adotada pelos portugueses e espanhóis e passou também a ser usada, por exemplo, na língua inglesa. O último continente a ser conquistado pela fruta – e talvez onde ela mais tenha gerado controvérsias – foi o americano.

A BANANA NAS AMÉRICAS

A chegada das bananas à América é contraditória. Tradicionalmente, acredita-se que os europeus vieram com elas, no século 15. Mas alguns indícios apontam para o fato de que as bananas podem ter descoberto o continente antes dos colonizadores. Segundo Dan Koeppel, jornalista americano e pesquisador deste tema, na Ilha de Páscoa e no Havaí, no Pacífico, o termo usado para banana é maika, exatamente o mesmo empregado na Nova Zelândia. Não há evidências fósseis da existência da fruta nas ilhas antes da chegada de Cristóvão Colombo à América, mas a coincidência de termos faz com que alguns cientistas defendam que polinésios já haviam aportado no nosso continente pelo oceano Pacífico. E, claro, trouxeram a banana com eles.

Mas não existe relato que Cristóvão Colombo tenha visto bananeiras na América. Também não existe vestígio da imagem da banana na cerâmica andina, que reproduz os frutos conhecidos pelos nativos.

A versão oficial revela que a banana chegou à América em 1516, pelas mãos do reverendo espanhol Tomás de Berlanga. Último bispo do Panamá, descobridor das Ilhas Galápagos, o monge franciscano largamente viajado desembarcou com a fruta em Santo Domingo, atual República Dominicana. O objetivo era de disponibilizar um novo alimento popular para os nativos. Naquele solo rico e fértil dos trópicos, a banana difundiu-se rapidamente pelas outas ilhas do Caribe, bem como pelas América Central e do Sul, abrindo caminho para as extensas áreas de plantio existentes na região e dando origem a enormes fortunas e a disputas entre os comerciantes dessas que, séculos depois, ficariam conhecidas como “repúblicas das bananas”.

Nos séculos XV e XVI, colonizadores portugueses começaram a plantação sistemática de bananais nas ilhas atlânticas, no Brasil e na costa ocidental africana. Mas as bananas mantiveram-se, durante muito tempo, desconhecidas da maior parte da população europeia. Por exemplo, note-se que Júlio Verne, na obra "A volta ao mundo em oitenta dias" (1872), descreve o fruto detalhadamente porque sabe que grande parte dos seus leitores desconhece.

Na América do Norte, as bananas entraram primeiramente de forma improvisada, pelas mãos de marinheiros que traziama algumas mudas apenas como curiosidade e sem objetivos comerciais. Sua chegada oficial deu-se em 1876, numa feira na Filadélfia. No final dos anos 1870, com a invenção do telégrafo e o desenvolvimento das estradas de ferro da América Central, a indústria bananeira finalmente se materializou.

Contando com mais de 200 variedades do Caribe à Africa, do México à América do Sul, são conhecidas no Brasil cerca de 30 espécies, consumidas em sua maioria internamente. Com exceção da Ilha da Madeira, que abastece sobretudo Portugal e produz diferentes espécies, a banana nanica é a mais cultivada no mundo inteiro. No Brasil, a nanica é conhecida também como banana-d’água, anã, caturra, cambota e banana-da-china.

A BANANA NA ARTE BRASILEIRA

A banana tem marcado presença não somente na mesa, mas também no imaginário nacional. É também encontrada nas artes, em livros, filmes, letras musicais, pinturas e gravuras.

A primeira imagem que vem à mente, quando se insere a banana no contexto artístico é a figura de Carnem Miranda, a Pequena Notável, que usava um arranjo de frutas tropicais na cabeça. Nos idos dos anos 40 do século XX, a banana já começava a ser um ícone a ser cada vez mais explorado nos trajes de atrizes e vedetes que viriam a seguir.

São dezenas de citações da “musa paradisíaca” em músicas que festejam a gloriosa fruta nacional. A letra de “O orvalho vai caindo”, de Noel Rosa e Kid Pepe, do carnaval de 1934, já dizia:

[...] A minha terra dá banana e aipim
Meu trabalho é achar
Quem descasque por mim
Vivo triste mesmo assim ! [...]

Outra música antológica é a “Chiquita Bacana”, da dupla João de Barro e Alberto Ribeiro, que estourou no carnaval de 1949, na voz de Emilinha Borba:

Chiquita bacana
Lá da Martinica
Se veste com um casca
De banana nanica
Não usa vestido
Não usa calção
Inverno pra ela
É pleno verão [...]

Mais recente, já neste século, a música “Bananeira”, da dupla João Donato e Gilberto Gil, ganhou várias gravações, com o próprio Donato, com Bebel Gilberto, com Turíbio Santos e com Joyce.

Bananeira não sei
Bananeira será
Bananeira sei não
A maneira de ver

Bananeira não sei
Bananeira será
Bananeira sei não
Isso é lá com você

Será no fundo do quintal
Quintal do seu olhar
Olhar do coração [...]

Registrada desde os tempos coloniais pelos pintores viajantes, são várias as representações da banana em suas obras.

Jean-Baptiste Debret, em sua “Viagem pitoresca e histórica ao Brasil”, publicada em Paris entre 1834 e 1839, já comentava a importância desta fruta tropical desta maneira: os “mais indigentes e os escravos nas fazendas alimentam-se com dois punhados de farinha seca, umedecidos na boca pelo suco de algumas bananas ou laranjas”. É dele o belíssimo desenho “Le bananier”, que faz parte da obra citada.

A banana também representou o exotismo, a alegria e a luminosidade tropical nos quadros de Lasar Segall, pintor de origem russa que no primeiro quarto do século XX trocou a Europa pelo Brasil. É dele a obra “Menino com lagartixas”, de 1924, em que o fundo da tela é totalmente revestido de folhas de bananeiras.

CONCLUSÃO

A banana é a mais antiga fruta que se tem notícia e também é a fruta mais consumida no mundo e no Brasil, representando grande parte da alimentação diária de mais de 400 milhões de pessoas em todo o planeta. Além disso, a banana serve também de fonte de inspiração para inúmeras obras encontradas na arte brasileira.